22 outubro 2014

Filmes sobre a África

É muito difícil encontrar filmes genuinamente africanos, por isso, para falar sobre os filmes que retratam o continente, precisamos recorrer à visão dos colonizadores. Com filmes europeus ou norte-americanos.
Essa listagem aborda apenas a África Subsaariana - ou a África Negra -, uma vez que o norte tem uma história muito diferente, desde o antigo Egito, até diversos dramas de guerra.

BEASTS OF NO NATION- 2015 / Cary Fukunaga (Reino Unido)

Baseado no livro homônimo escrito pelo nigeriano Uzodinma Iweala e filmado em Gana, a produção já é um sucesso de crítica, sendo até cotado para o Oscar de 2016.

O filme narra a história de Agu (Abraham Attah), filho caçula de uma família tradicional da África que passa a sofrer os horrores e mazelas de uma guerra civil. Só isso já traria curiosidade para assistir ao filme, mas a atuação de Attah é visceral e, graças a isso, tudo parece ganhar uma dimensão ainda maior. Agu perde a família para as tropas do governo e é capturado pelo grupo rival, que tenta tomar o poder. O menino é treinado como soldado e participa de batalhas e situações extremamente chocantes. O filme é genial, conta com personagens densos e é muito mais que apenas um filme de guerra. Vale a pena!


FALCÃO NEGRO EM PERIGO – 2001 / Ridley Scott

Em outubro de 1993, os Estados Unidos enviaram um grande contingente de soldados para a Somália, que estava passando por uma guerra civil na época. O plano do exército americano era enviar tropas para o local a fim de desestabilizar o governo da Somália para poder levar comida e ajuda humanitária para a população faminta. Em uma de suas missões, cerca de 100 soldados são enviados para capturar dois generais somalianos mas a operação, que deveria durar em torno de uma hora, passa por complicações quando dois helicópteros Black Hawk são abatidos por atiradores do exército local. A partir de então tem início um grande conflito entre os soldados americanos e o exército local, que resulta em uma batalha de 15 horas e centenas de mortes.

HOTEL RUANDA – 2004 / Terry George (EUA)

O filme ambientado em Kigali demonstra os horrores da Guerra civil da Ruanda, conflito ocorrido em 1994 ocasionado pela rivalidade entre as etnias hutus e tutsi e que foi responsável por uma das maiores chacinas da segunda metade do século XX.
O longa metragem disserta sobre a história do "hotel de refugiados", como ficou conhecido o Hotel des Mile Collines sob a gerência de Paul Rusesabagina, um hutu que durante o conflito civil protegeu e salvou a vida de cerca de 1268 pessoas durante o genocídio de Ruanda.

INFÂNCIA ROUBADA (TSOTSI) –  2005 / Gavin Hood (África do Sul e Inglaterra)


Narra a história de um rapaz frio e violento, que vive solitário numa grande favela, rouba um carro de uma família rica, onde estava um bebê, que ele acaba levando consigo para seu barraco. o filme choca demais pela pobreza extrema, a ignorância e a falta de perspectivas de uma geração. Oscar de filme estrangeiro em 2006. Comovente. Vale a pena assistir!

O ÚLTIMO REI DA ESCÓCIA – 2006 / Kevin Macdonald (EUA)


O filme baseado no livro homônimo de Giles Foden, que rendeu o Oscar de melhor ator para Forest Whitaker, relata a história de um médico escocês que trabalha no principal hospital de uma pequena cidade da Uganda e ao socorrer o presidente do país em visita a cidade, ganha a sua confiança e passa exercer um cargo importante no governo, mas se vê obrigado a ir contra ele ao descobrir suas atitudes questionáveis. 
A obra apesar de ser narrada por um personagem ficcional foi baseada em fatos reais e teve a figura do ditador inspirada pelo militar Idi Amin Dada que ditou a Uganda entre 1971-79, após um golpe de Estado.

DIAMANTE DE SANGUE – 2006 / Edward Zwick (EUA)


Tendo como cenário principal o conflito civil que ocorreu na Serra Leoa na década de 1990, o filme que traz em seu elenco Leonardo DiCaprio e obteve cinco indicações ao Oscar, disserta sobre a problemática dos diamantes contrabandeados (diamantes de sangue) que financiam as guerras que assolam o continente africano e inclui em seu doloroso contexto as crianças alienadas pelos rebeldes com intuito de serem usadas no chamado exército infantil.

INVICTUS – 2009 / Clint Eastwood (EUA)


O filme ambientado na África do sul pós- Apartheid, que tem em seu título uma alusão ao poema do inglês William Ernest Henley, rendeu à Morgan Freeman o Oscar de melhor ator e à Matt Damon à indicação de melhor ator coadjuvante.
A trama disserta sobre os esforços do recém eleito presidente Nelson Mandela para extinguir a segregação e/ou os preconceitos ainda existentes. Para isso ele decide incentivar equipe da seleção nacional de Rúgbi, comandada por Francois Pienaar - um branco - à vencer a Copa do Mundo do gênero esportivo, que será realizado ineditamente no país.
O filme demonstra com maestria o cenário do pós Apartheid sul africano e as dificuldades para superar isto.

REPÓRTERES DE GUERRA – 2011 / Steven Silver (Canadá e África do Sul)


Baseado no livro "The Bang-Bang Club: Snapshots from a Hidden War", o filme retrata a história de duas fotografias ganhadoras do prêmio Pulitzer, tendo como cenário os sangrentos conflitos envolvendo as primeiras eleições livres depois do fim do regime de Apartheid que vigorava na África do Sul.
O filme narra as dificuldades e perigos do chamado jornalismo de guerra, mediante a miséria e problemas do continente africano.

O JARDINEIRO FIEL – 2005 / Fernando Meirelles (EUA)


A trama dirigida pelo premiado diretor brasileiro recebeu 3 indicações ao Globo de ouro e 4 indicações ao Oscar, sendo Rachel Weisz vencedora em ambos na categoria de melhor atriz coadjuvante.
A história apresentada em forma de um romance dramático, disserta sobre a gigantesca rede de corrupção da indústria farmacêutica internacional.
Baseado em um romance de John le Carré, o longa mostra a realidade de miséria e exclusão da população do Quênia, que na trama são expostos à testes involuntários e inconscientes por parte de uma indústria farmacêutica. O filme é uma crítica ferrenha à omissão e as armas do capitalismo.

REDENÇÃO – 2011 / Marc Foster (EUA) 


Estrelado por Gerard Butler, o filme narra a verídica história de um pastor que abdica do conforto de sua vida nos EUA para se dedicar as crianças órfãs do Sudão.
O filme relata as atrocidades cometidas pelo exército rebelde durante a guerra civil do Sudão, e traz mais uma vez a realidade vivida pelas crianças convocadas para formar uma milícia infantil e as dificuldades de manutenção de ONG's.

A MASSAI BRANCA – 2005 / Hermine Huntgeburth (Alemanha)


Baseados em fatos reais e inspirado no best-seller homônimo, o filme disserta sobre o choque cultural e a história de amor entre uma suiça e um guerreiro de uma tribo massai.
O longa demonstra a cultura e tradições da tribo africana massai remanescente do Quênia e seus contrastes com a sociedade moderna, exaltando seus esforços para manutenção e preservação desses costumes.

A SOMBRA E A ESCURIDÃO – 1996 / Stephen Hopkins (EUA)


Ambientado em 1898 (auge da corrida colonialista) quando a África era disputada por franceses, alemães e britânicos; o filme indicado à 6 Oscars incluindo o de melhor filme, narra sobre a história verídica que ocorreu durante a construção de uma ponte sob o rio Tsavo, quando a equipe de operários foram atacados por dois leões a quem os aldeões acreditavam se tratar de espíritos.
O filme demonstra a questão da colonização, dos esteriótipos partilhados na época e as crendices africanas.

AMOR SEM FRONTEIRAS – 2003 / Martin Campbell (EUA)


O filme protagonizado por Angelina Jolie, demonstra de maneira explícita os contrastes entre os países ricos e os subdesenvolvidos. Em uma trama envolvente, o longa narra sobre a difícil tarefa dos voluntários e das organizações não governamentais para se manterem e a vida de sofrimento a que os refugiados de guerra são submetidos.
Demonstrando a triste realidade e problemas enfrentados por países africanos em divergência com ao comodismo e a inércia dos países de "primeiro mundo" frente à estes assuntos.
É um filme lindo, comovente e que nos faz pensar. Vale muito a pena ver!

Preto e Branco em Cores – 1976 / Jean-Jacques Annaud (França)

Na Costa do Marfim, duas comunidades de colonizadores, franceses e alemães, convivem pacificamente, utilizando os negros como serviçais. Quando chega a notícia de que explodiu a primeira guerra e os europeus estão em lados opostos. Movidos por patriotismo, os franceses decidem atacar os alemães, utilizando os negros, naturalmente...  inteligente comédia francesa de estreia de Jean-Jacques Annaud na direção, ganhadora do Oscar de Filme Estrangeiro em 1976.

Um Grito de Liberdade 2007 / Richard Attenborough (Inglaterra)


Filme sobre o apartheid na África do Sul, mostra a amizade entre um líder negro Stephen Biko e um jornalista branco. Baseado em uma história real.

Distrito 9 – 2009 / Peter Jackson (África do Sul, Canadá, Nova Zelândia, EUA)

É um blockbuster com idéia, diretor e elenco sul-africanos. uma nave alienígena 'encalha' sobre a cidade de Johannesburg. os seus milhares de tripulantes acabam isolados num gueto, submetidos à violência da polícia local e negociando com contrabandistas. curioso paralelo com o apartheid, neste bom filme produzido por Peter Jackson.

Um Herói do Nosso Tempo – 2005 / Radu Mihaileanu(França, Bélgica, Israel, Itália)


Menino negro se passa por judeu para ser levado a Israel e ter condições de sobreviver. Na época, o país estava resgatando os judeus negros da em situação de miséria. Mesmo entre os judeus, existe o preconceito pelo fato dele ser negro.

Um comentário:

  1. Olá Tahty.
    Belíssimo post sobre filmes que nos remetem a Mãe África, esse imenso continente que hoje serve mais de laboratório para as empresas multinacionais do que como verdadeiro paraíso do reino animal, inclusive onde grande parcela da população passa por uma verdadeira catástrofe de pobreza. No início dos anos setenta assisti no Cine Rádio Pelotense um Filme documentário sobre a África, com o título "África, Adeus", cenas duríssimas, tão chocante que ao entrar na sala de cinema havia quatro ou cinco poltronas vazias, porém ao terminar a sessão havia apenas meia dúzia de pessoas que tiveram nervos de aço para assistir até o final, devido a crueza das cenas.
    Hoje a situação é em algumas regiões verdadeiro circo de horrores, e não há interesse em mudar a situação por parte das grandes economias mundiais, como se quisessem essa terra como reserva futura para as culturas brancas.
    Não podemos esquecer do Genocídio de Ruanda ou do que acontece na Nigéria e no Sudão.
    Grande e respeitoso abraço.
    Prof. Pedro Teixeira.

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