Esse tópico é apenas para dar umas pinceladas a respeito do assunto sobre o Brasil Colônia e Ciclo do ouro
O Brasil Colônia explorou a mão-de-obra escrava de duas maneiras: indígenas escravizados e africanos comercializados como escravos. A respeito dos indígenas podemos ressaltar que contato dos europeus com os povos da América propiciou uma abertura para a cultura ocidental, que sofreu reformulações. Houve confrontos radicais e uso de violência. Com relação ao Brasil, a ocupação se deu com violência e falta de civilidade, apesar de haver exceções no trabalho de catequese, realizada pelas Missões Jesuítas (veja o tópico sobre Missões Jesuítas).
Já com os africanos, não havia nem a possibilidade de refugio em Missões Jesuítas, uma vez que eles eram trazidos da África, comercializados em mercados ao longo da costa africana e mesmo nos mercados do Mediterrâneo. Eram considerados pagãos ou infiéis pela Igreja Católica, portanto, sem chance de deixar o cativeiro a não ser pela fuga para algum quilombo.
Sobre a economia colonial
Devemos lembrar que o primeiro ciclo economico do Brasil foi a extração de pau-brasil, que não deixou de ocorrer com a implantação do ciclo do açúcar.
O segundo ciclo econômico, o ciclo do açúcar, favoreceu a colonização do Brasil e o surgimento das primeiras vilas e cidades. Favoreceu também a instalação dos holandeses durante a União Ibérica, que trouxe avanços para a Colônia. O enfraquecimento da economia açucareira ocasionou a existencia de expedições ao interior do continente, através de Entradas, Bandeiras e Sertanistas. Isso contribuiu para a descoberta de ouro na região das Minas Gerais, dando início ao próximo ciclo, o do ouro.
Uma coisa a ser ressaltada: Com o surgimento de um novo ciclo os demais continuam existindo. A extração de pau-brasil somente deixou de acontecer pois essa árvore entrou em extinção (infelizmente, apesar dos esforços de reflorestamento dessa espécie) e o ciclo do açúcar, embora hoje em dia não possa ser chamado assim, continuou existindo. Ainda hoje se produz açúcar no Brasil.
A economia colonial brasileira sofreu instabilidades, com momentos de prejuízos econômicos significativos. Porém, no século XVIII, com a exploração do ouro das Minas Gerais, Portugal conseguiu recuperar parte dos seus prejuízos, sem, no entanto, se tornar uma grande potência.
A mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil e foi fator de diferenciação da sociedade.
Ciclo do ouro
"O ouro deixou buracos no Brasil, templos em Portugal e fábricas na Inglaterra". (Eduardo Galeano)
Os acordos comerciais entre Portugal e Inglaterra (como o Tratado de Methuen), fizeram com que a grande parte do ouro extraído durante o ciclo do ouro, no Brasil, fosse desviada para a Inglaterra, contribuindo para os investimentos que desenvolveram a atividade fabril e, posteriormente, a Revolução Industrial.
O Tratado de Methuen consistia na abertura dos portos ingleses para os produtos portugueses, principalmente vinhos, em troca os portos portugueses importavam produtos manufaturados da Inglaterra, em especial tecidos. Esse Tratado não foi um "bom negócio" para Portugal, pois os tecidos e outros produtos manufaturados tinham uma demanda muito maior que os vinhos, ou seja, Portugal consumia muito mais tecidos que a Inglaterra consumia vinhos. Assim, Portugal ficava em desvantagem, importando muito mais que exportando e ficando em situação de dívida para com a Inglaterra. Essa dívida era paga com o ouro do Brasil. Assim esse Tratado trouxe uma desastrosa consequência para Portugal, o não desenvolvimento de suas próprias atividades manufatureiras e seu endividamento com a Inglaterra. Em contrapartida, trouxe benefícios para a Inglaterra, pois lucrava muito com suas vendas, financiava o desenvolvimento de suas fábricas e aina arrecadava o ouro brasileiro sem precisar investir na mineração da Colônia.
Revoltas Nativistas
Chamamos de Revoltas Nativistas as revoltas que não tiveram nenhum caráter separatista, ou seja, de independência. Na realidade, tratava-se de choques ou conflitos entre colonos e a Coroa Portuguesa, em virtude das medidas portuguesas que prejudicavam os interesses dos colonos brasileiros, tais como o excessivo valor dos impostos e os privilégios de comércio decretados pelo rei, além das atitudes metropolitanas que atingiam diretamente os negócios na Colônia. O nome "nativista" está relacionado ao fato de que tais movimentos defendiam os interesses de colonos brasileiros, ou seja, dos nativos.
As Revoltas Nativistas foram:
- Revolta de Beckman: Foi um combate ao monopólio e aos altos preços praticados pela Companhia de Comércio do Maranhão, e também aos jesuítas, que queriam impedir os grandes proprietários de escravizar os indígenas, tem esse nome devido aos líderes, os irmãos Beckman.
- Guerra dos Emboabas: Luta entre paulistas e "forasteiros" (os emboabas) pelo domínio da região das Minas Gerais, reivindicada por aqueles. Levou à separação da região das minas da Capitania de São Paulo e à criação da Capitania de Minas Gerais.
- Guerra dos Mascates: Luta dos comerciantes para elevar Recife à categoria de vila, em oposição aos produtores de açúcar de Olinda.
- Revolta de Filipe dos Santos: Movimento em oposição às casas de fundição, que haviam aumentado a exploração da Coroa sobre os mineiros.
Mudanças culturais advindas com o ciclo do ouro
Com o Ciclo do ouro o Brasil mudou culturalmente. Essa mudança foi influenciada por uma nova sociedade mineradora que podia enviar seus filhos para estudar na Europa, de onde eles voltavam com uma grande bagagem cultural. Assim, surge no país uma cultura rica, influenciada pelo Barroco europeu, porém com características próprias. A arte do Barroco (no mundo) surgiu, no contexto de reorganização da Igreja Católica, como uma estratégia do Contra-Reforma. Dessa forma, pode-se dizer que o Barroco surgiu como uma necessidade de expandir a fé cristã, na Europa e no Novo Mundo (Américas). A riqueza advinda da mineração possibilitou o florescimento do Barroco em Minas e na Bahia, cujos mestres e artistas, vários deles mestiços, introduziram elementos originais da cultura local (negra e indígena).
No Barroco Brasileiro podemos destacar:
- Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho de Vila Rica, foi um dos mais destacados escultores e decoradores do período, tendo produzido uma das obras mais importantes do barroco brasileiro no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG).
- Mestre Ataíde, que viveu na Bahia, e é um dos mais destacados pintores do barroco baiano.
- Cláudio Manoel da Costa, Inácio de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, que tiveram importância na poesia do Brasil colonial.
- Diversos exemplos de Igrejas Barrocas na Bahia (principalmente Salvador), na região das Minas, Ouro Preto (Vila Rica), Mariana, Diamantina e Congonhas e no Rio de Janeiro.
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