03 março 2010

Respondendo as perguntas sobre a Batalha das Termópilas

Alguns me perguntaram se podemos levar a sério a História da Batalha das Termópilas tendo em consideração o filme 300. Minha resposta é "claro que não!" 
O filme é bom, divertido, com cenas fantásticas, mas é claro que ele é apenas uma releitura de um fato histórico. Na verdade, ele é uma releitura de outra releitura. O filme foi inspirado nos quadrinhos de Frank Miller. Portanto, é claro que está cheio de exageros e "licenças poéticas".

A HQ 300 de Esparta é muito bem escrita, lindamente desenhada e - dentro das devidas proporções - bastante fiel à História. Mas, devemos lembrar que, por ser uma HQ, possui todo o apelo dramático característico. 

Óbvio que o imperador persa, Xerxes, não era uma figura sobre-humana, muito menos usava piercings por todo o corpo! Apesar de os persas serem uma teocracia, ou seja, o imperador era considerado uma divindade.

Outra ressalva, os persas não conheciam rinocerontes, ou se os conhecessem não os utilizavam em batalha.

A utilização de pólvora que forneceu ao filme e aos quadrinhos cenas de fantásticas explosões, também não é historicamente aceitável ... embora tenha ficado divertido no filme.
Enfim, tanto o filme quanto a HQ possuem vários exageros, mas na sua essência, podem sim servir como um modo lúdico de aprender um pouco mais sobre os costumes espartanos e sobre a Batalha das Termópilas.

Ah...em tempo: sim, os espartanos jogavam no abismo recém nascidos defeituosos; eles treinavam desde cedo para serem os melhores soldados; eles tinham um grande orgulho de serem descendentes do deus da guerra - Ares; e claro eles consideravam os atenienses como um bando de filósofos efeminados!

Ainda sobre a HQ de Frank Miller, posto abaixo o texto de Sergio Codespoti e Marcelo Naranjo, sobre esse assunto:

"Os 300 de Esparta conta a história do Rei Leônidas e a batalha das Termópilas, em 480 a.C., quando seu exército de trezentos espartanos desafiou os persas, que possuíam o maior exército já montado até então.Belamente roteirizada e ilustrada pelo mestre das HQs modernas, Frank Miller, a obra denota uma grande pesquisa, aliada às devidas adaptações e "licenças poéticas" necessárias para contar uma boa história, na mídia dos quadrinhos.
Xerxes - HQ e Filme


As cenas de combate presentes são um capítulo à parte. Miller abusa de cortes, texturas e silhuetas. O seu trabalho sempre foi muito elogiado quanto ao design arrojado de suas páginas e a força de sua composição. Mas é o conjunto da página que apraz aos olhos, e não somente o desenho em si. É um misto de elegância e audácia da distribuição dos quadros e seqüências.Em 300, a maturidade de Miller está evidente. Da sua escolha de fazer da página dupla a sua prancha de desenho, transformando a leitura tradicionalmente vertical em amplas horizontais, ao uso criterioso das silhuetas chapadas em meio ao colorido maravilhoso de sua esposa, Lynn Varley.

Silhueta chapada sobre fundo colorido, belo trabalho de Lynn Varley e Frank Miller

Lynn, que o acompanha como colorista desde os idos de Ronin, pinta de maneira tão dramática quanto as cenas executadas por seu marido. É um colírio ver suas pinceladas depois de anos seguidos de coloridos pasteurizados por computador.Mas o mérito da obra não está apenas na arte. A adaptação do texto, que seria insípido para a grande maioria dos leitores, é agradável, tem ritmo, com personagens sólidos e bem construídos. Vale até dizer, que o valor maior está no fato de que Miller instila em seus leitores a curiosidade de conhecer melhor este momento histórico, de buscar nas enciclopédias a verdade histórica dos 300 de Esparta.

Caso você não esteja com vontade de consultar uma enciclopédia, ou mesmo não tenha uma, embarque conosco nos próximos parágrafos. Vamos voltar ao tempo dos gregos, conhecer o que cercou a batalha descrita por Miller, e o que houve além dela.

Tudo teve inicio com Dario I, soberano do império persa e um grande conquistador. Ele foi o responsável pela primeira tentativa de domínio da Grécia, devido a uma disputa pela hegemonia comercial no Mediterrâneo. No entanto, foi derrotado na chamada Batalha de Maratona, por uma tropa de soldados de Atenas. Dario e os seus retornaram, humilhados. Anos depois, antes de falecer, Dario determinou que o herdeiro de seu trono e novo soberano seria seu filho caçula, Khchayarcha, conhecido pelos gregos como Xerxes. Ele assumiu sua herança com convicção, determinado primeiro a resolver graves problemas, como uma grande revolta egípcia. Em dois anos, terminou essa tarefa. Depois, com manifestações semelhantes ocorrendo na Babilônia, determinou uma intervenção e arrasa a cidade.


Com tudo isto resolvido, finalmente dedicou-se ao seu mais audacioso plano: conquistar a Grécia. Xerxes tinha como estratégia atacar a Grécia Central com seus homens, enquanto, por uma rota traçada, uma gigantesca nau, com mais de 200 navios, abasteceria e daria apoio as suas forças em terra firme.No ano de 481 a.C, o mundo teve a oportunidade de assistir à reunião do maior exército já organizado em todos os tempos, até então. Conforme Heródoto, que narrou toda a trajetória de Xerxes, os números excediam a casa de dois milhões e seiscentos mil homens. Porém, historiadores modernos afirmam que seria impossível reunir e abastecer tal quantidade de pessoas, e que, na realidade, seriam em torno de 200 mil até 300 mil homens. Mesmo assim, um número prodigioso.



Vale citar que Miller utiliza o texto de Heródoto em vários diálogos que acontecem durante a história, como quando a esposa de Leônidas pede que o marido volte "com o escudo, ou sob o escudo". Ou seja, volte vitorioso, ou morto. Outro momento, no diálogo entre Leônidas e Xerxes, quando o espartano afirma: "Você tem muitos homens, mas poucos soldados".Voltando à tropa, dados históricos dão conta que essa máquina de guerra era formada por pessoas de 46 povos diferentes, entre persas, medos, assírios, árias, partas, indianos, etíopes, árabes e outros.Quando entravam em marcha, nada parecia poder detê-los. Em todo o caminho, as cidades curvavam-se ante a supremacia do rei persa. Trácia, Macedônia, Tessália, todas se submeteram a Xerxes. Até o exato momento em que a comitiva alcançou o desfiladeiro das Termópilas, onde uma inesperada e desagradável surpresa os aguardava.



Antes de continuar a narrativa, vamos nos ater um pouco aos espartanos, para tentar entender as motivações de suas atitudes.Os espartanos lutaram durante muitos séculos para dominar a área do Peloponeso oriental. Quando conseguiram estabelecer-se e dominar por completo a região da Lacônia, tinham o militarismo enraizado em seus costumes e hábitos. Depois, através de campanhas militares, conquistaram a Argólida e a Messéia, tendo, então, sob seus braços quase todo o Peloponeso.A organização política deste povo funcionava da seguinte maneira:



Dois reis, representando importantes famílias diferentes, com poderes militares e religiosos; Acima destes, um conselho, com os mesmos dois reis e mais 28 nobres; Uma assembléia, que aprovava ou rejeitava as propostas do conselho; Uma equipe de cinco pessoas, chamada de Éforo, com poderes absolutos, presidindo o conselho, a assembléia, podendo controlar distribuição de propriedades, determinar o destino de recém-nascidos, depor ou eleger reis, enfim, eram o poder supremo.


A população era dividida em três classes:

  • Os esparciatas, que eram a camada dominante, e não excediam um vigésimo da população global. Somente estes tinham privilégios políticos; 
  • Os periecos, indivíduos que fizeram parte de povos que foram aliados dos espartanos ou que se juntaram a eles por vontade própria. Tinham permissão de exercer o comércio e a manufatura; 
  • Os hilotas, que eram os servos e escravos, provenientes dos povos dominados à força.
Para manter a supremacia da camada dominante sobre as outras, que eram muito maiores em termos numéricos, era fundamental o bom funcionamento do sistema militar espartano. Para tanto, todos tinham que fazer sua parte, em prol do coletivo.

Cena do filme 300

Logo que nasciam, as crianças já ficavam sob jugo do estado. Se tivessem qualquer tipo de doença ou deformidade, eram sumariamente assassinadas. Os saudáveis aprendiam a servir e a abdicar do individuo, em função do bem comum. Sofriam, eram castigados, passavam por diversas mazelas para fortalecerem seus corpos e espíritos, para aprender a serem determinados. Cada espartano devia ser um soldado perfeito, e sua maior glória era morrer em batalha. Voltar derrotado, jamais. A partir daí, podemos voltar nossa atenção para o encontro de Xerxes com os espartanos, e o motivo destes estarem nas Termópilas. 

A Grécia, tendo tomado conhecimento do exército inimigo, realizou uma reunião na cidade de Corinto, com representantes de todas regiões. Algumas cidades estavam pré-dispostas a se renderem, outras ficaram na neutralidade. Atenas, Egina, Eubéia e Esparta decidiram formar uma frente de resistência.A estratégia escolhida foi cobrir a Grécia Central. Para isso, uma única chance: preparar uma linha de resistência nas Termópilas. O estreito desfiladeiro, localizado entre uma montanha e o mar, era um ponto estratégico. Marcharam em direção a eles os espartanos, junto com alguns aliados. Ao mesmo tempo, uma esquadra grega, formada principalmente por atenienses, tinha a missão de apoiar as operações terrestres.
Capa da HQ - Frank Miller



Quando Xerxes tomou conhecimento de um exército preparado para bloquear sua passagem, enviou batedores para tomar melhor conhecimento da situação. Ao descobrir o número de soldados do inimigo, não levou a sério a iniciativa e acreditou tratar-se apenas de "jogo de cena". Não tinha idéia do quão estava enganado. Ele acampou com seu séqüito por cerca de quatro dias, provavelmente porque parte de sua esquadra marítima havia sido destruída por uma violenta tempestade. Outra possibilidade seria exatamente a de não acreditar na real intenção dos espartanos de guerrearem.No quinto dia, Xerxes ordenou o ataque. Começaram aí as surpresas: seus homens foram sucessivamente repelidos pelos bravos inimigos. Durante dois dias seguidos, divisão de tempo que podemos acompanhar nos quadrinhos, várias tentativas inúteis de subjugar os espartanos foram feitas, sem êxito. Nem mesmo os Imortais, a tropa de elite de Xerxes, obtiveram sucesso.Ao mesmo tempo, ocorreu um confronto no mar, entre as naus gregas e persas, já enfraquecidas devido a uma forte tempestade. A batalha não teve vencedor, mas ficou clara a superioridade dos gregos nas águas.

Os persas já não sabiam como atravessar a barreira dos espartanos. Foi então que um nativo, de nome Ephialtes, entregou uma passagem secreta que possibilitava cercar os inimigos. Aqui temos outra boa sacada de Frank Miller: ele coloca o traidor na figura de um corcunda, um espartano que teria escapado de ser morto ao nascer (como mandava a tradição), devido ao seu defeito congênito.

Ephialtes - Frank Miller


Querendo juntar-se aos seus e não podendo, por decisão de Leônidas, acabou traindo os conterrâneos.Continuando... Durante a noite, as posições foram ocupadas. Quando ficaram sabendo do ocorrido, os aliados dos espartanos decidiram partir. Mas estes, não. Fugir era intolerável, render-se, inadmissível. Antes morrer na glória da batalha, do que ser considerado covarde e desertor. Chegou, então, o terceiro dia.
Cena da HQ - Fank Miller

Com a mais plena noção da impossibilidade de uma vitória, Leônidas e seus homens partiram para o ataque. Fizeram vítimas numa quantidade muito superior ao seu número. O rei sabia que era sua hora, pois o oráculo determinou que um monarca morreria naquela batalha. Ele e os seus lutaram primeiro com lanças, depois com espadas e, por fim, com os próprios punhos, até o final. Deixaram a vida, entraram para a história e se tornaram uma lenda heróica. Xerxes ficou impressionado e teve sua confiança seriamente abalada pela determinação daqueles guerreiros. Sobre os oráculos de Delfos, existem duas versões: numa, Xerxes teve o apoio destes, que publicaram uma série de oráculos derrotistas e, por isso, quando invadiu a Grécia Central, ele poupou Delfos. A outra conta sobre um oráculo ter afirmado que a causa de Xerxes estaria perdida, caso este tocasse em Delfos, e isto fez com que deixasse o local intacto.

Persas encurralados no desfiladeiro - Frank Miller

Após abrir passagem pelas Termópilas, Xerxes permaneceu com seu intento. Com o caminho livre, invadiu a Grécia Central. Destruiu cidades rebeldes, poupou outras que o acolheram e, finalmente, invadiu Atenas. A maioria dos cidadãos havia fugido devido à decisão do governo de evacuar a cidade. Os poucos moradores que ficaram foram assassinados; e casas e templos foram pilhados.Mas chegou o momento decisivo da batalha, que ocorreu no mar. A frota de Xerxes estava ancorada na enseada de Falera. As naus gregas, em Salamina. Xerxes ordenou o ataque. Os persas tinham uma frota muito superior, mais que o dobro do que os inimigos dispunham.

Quando a batalha começou, os gregos conseguiram sair da baía de Salamina e adotaram formação de combate. Como o canal era estreito, os persas, que tinham suas naus carregadas de tropas, ficaram confusos e chegaram a trombar entre si. Os gregos atacaram com todas as suas forças, e conseguiram uma vitória fulminante.Xerxes assistiu a tudo, e tinha certeza que havia perdido uma batalha importante. Sem ter como abastecer seu exército, ordenou uma retirada. Contudo, não desistiu de seu intento. Deixou na Grécia uma armada com vários milhares de homens.
Mensageiro persa - Comparação entre o filme e HQ de Frak Miller
Essa armada, sob comando de Mardônio, voltou a invadir Atenas. Estes, cansados da guerra, ameaçaram uma aliança com os persas, caso Esparta não colaborasse para uma batalha decisiva. Os espartanos, então, enviaram seu exército, sob o comando de Pausânias, e novos confrontos aconteceram. Numa frente, os espartanos venceram os persas; enquanto os atenienses enfrentavam os beócios (aliados dos persas). Nova vitória dos gregos, obrigando a retirada final do inimigo. Também no mar, os invasores foram expulsos. Era o fim dos sonhos de conquista de Xerxes.
Cenas da batalha - Frank Miller

Como esta obra é uma adaptação, Miller tomou certas liberdades que poderiam soar como inverdades. (grifo nosso - blog Histórias) Caso um historiador decida por fazer uma análise mais arguta, poderá encontrar fatos um pouco distorcidos, talvez as vestimentas de alguns personagens não sejam exatamente aquelas. Quem sabe reclame de Miller ter "simplificado" um acontecimento histórico a uma batalha entre o que o autor considera sendo o "bem" (os espartanos) contra o "mal" (os persas). Mas, como não somos historiadores, ficamos com a única certeza de termos em mãos uma grande HQ.



Os 300 de Esparta foi lançado no Brasil pela Editora Abril, em cinco números, em 1999. Nos Estados Unidos, a Dark Horse, que publicou a mini-série original (com o título de 300), brindou posteriormente seus leitores com uma belíssima encadernação, em capa dura e formato grande.A obra merece, pois é um presente para quem aprecia uma boa aula de história. E, neste caso, de uma maneira muita mais divertida, através de um meio único e arrebatador que são os quadrinhos!"

Exército espartano - Frank Miller

01 março 2010

Batalha de Termópilas

Desfiladeiro das Termópilas (Fonte: http://www.rankia.com/blog/sanchezcoll/357160-lecciones-grecia-clasica-liderazgo-para-empresas-hoy)

Termópilas é um desfiladeiro localizado na Grécia Central que serviu de palco para a batalha entre persas e espartanos. O conflito foi provocado pelo anseio do persa Xerxes de dominar o território e o povo espartano, o que foi negado pelo povo, juntamente com seu rei Leônidas.

A batalha das Termópilas tornou-se conhecida graças à narrativa de Heródoto de Halicarnasso, na qual o historiador faz opor quatro milhões e meio de homens (os números dos historiadores antigos são quase sempre entusiásticos, quando costumam exagerar quanto aos números de contendores envolvidos em batalha - geralmente, na intenção de enaltecer a um dos lados), arregimentados à força pelos persas, contra Leônidas e os seus trezentos espartanos, combatendo tão-só pela liberdade da sua cidade. Mas não havia apenas Espartanos nas Termópilas.

O pequeno número de soldados presentes de cada uma das outras cidades gregas está relacionado com um fato muito importante – 480 a.C. foi ano de Olimpíadas, durante as quais se proclamava a trégua sagrada e cessavam as hostilidades entre todos os inimigos na Grécia. Embora se tratasse de um inimigo externo (não-heleno), e se tratasse de uma situação de exceção, a trégua entre os Gregos não foi levantada.
Quanto ao campo do adversário, Heródoto fala em 2,1 milhões de medos-persas, acompanhados por 2,6 milhões de soldados auxiliares. Estes números são claramente excessivos (isto porque os Persas não dispunham de uma logística suficientemente avançada, nem tão-pouco o estéril solo grego teria capacidade para alimentar um número de indivíduos tão maior que a população autóctone), quer porque Heródoto desconhecesse o número real, quer por pretender, muito provavelmente, impressionar o leitor, e realçar, por oposição, a pequenez da coligação helênica – a qual, não obstante ter perdido a batalha, acabou por, no fim, lograr vencer a guerra contra os persas.

Mapa da Batalha das Termópilas (Fonte: Depto de História da Academia Militar dos EUA)

Prólogo da Batalha

Eram tempos de guerra, as Cidades-Estado gregas estavam á frente de uma ameaça Persa, que vinha invadindo território helênico., sob o Comando de Xerxes, que continuava uma guerra já começada por seu pai, Dário I. No ano de 484 a.C , Xerxes chega com seu exército e marinha nas terras da Ásia Menor e, de acordo com o filósofo Heródoto de Halicarnassus, ele possuía mais de 5 milhões de homens, mas hoje em dia especula-se que o número está em torno de 250 Mil soldados, o que não deixa de ser uma gigantesca ameaça, que com certeza conferia uma vantagem numérica vertiginosa em relação aos Gregos.


300 de Esparta (HQ de Frank Miller)

Preparação

Uma aliança foi logo forjada entre as Cidades-Estado gregas, comandada pela militarista Esparta. Leônidas, rei e general espartano estudou muito bem o terreno e escolheu Termópilas como o lugar ideal pra um combate deste calibre, onde a superioridade numérica Persa não poderia ser usufruída, devida a pequena passagem que existe em Termópilas.
(A idéia é simples, e pode ser facilmente exemplificada, pensando num corredor de uma escola, onde somente 10 alunos podem passar lado á lado, sendo o resto limitado á velocidade em que andam os primeiros 10 alunos, por limitações físicas do local. Aplicado em batalha, os milhares de persas não poderia entrar todos em combate ao mesmo tempo devido ao limite físico do terreno, sendo assim um combate não de números, mas de qualidade e valor militar.)
Distribuição

As tropas Gregas constituíam-se de 300 hoplitas espartanos, a elite da elite guerreira helênica, e mais 7000 aliados de outras cidades gregas. (sobre os hoplitas, ver artigo publicado em: http://universodahistoria.blogspot.com/2010/02/as-armas-cidadaos-com-os-hoplitas-os.html)
As tropas gregas eram mestras no uso da formação de falange (Phalanx), ou seja, uma massa de soldados, alinhados em linha e colunas coesas, protegidos por um grande escudo e lanças apontadas para frente, tornando-se uma barreira virtualmente intransponível quando combatida frente á frente. Dentre as tropas de Xerxes, encontravam-se os famosos "imortais", a tropa de elite do Rei, que prometia causar o terror nas tropas inimigas quando requisitadas pra combate.

A Batalha

Batedores Persas informaram á Xerxes que, os espartanos estavam aguardando, com uma força militar infinitamente menor, porém, ainda assim pareciam despreocupados pois penteavam seus cabelos, passavam óleo no corpo, sem aparente ansiedade. Esperando que os gregos se rendessem, Xerxes esperou 4 dias e, quando viu que ninguém estava disposto a sair de lá sem antes lutar ou morrer, ordenou um ataque no quinto dia.

Como citado anteriormente, os gregos se dispuseram em falanges, formando uma muralha de lança e escudos de ponta a ponta da passagem de Termópilas. Os persas, com roupas leves, lanças leves e flechas não conseguiam passar pela muralha grega, que lutava bravamente, onde não podiam ser flanqueados ou cercados devido ao terreno, portanto reduzindo brutalmente a vantagem dos números nitidamente maiores do exército Persa.

Xerxes não estava satisfeito com o resultado, e disse que iria fazer um chuva de flechas tão grande, que cobriria a luz do sol, sendo a resposta de um dos soldados Gregos : "Muito bem, lutaremos na sombra".


No segundo dia de batalha, os persas estavam sendo aniquilados assim como no primeiro dia e Xerxes ordenou o ataque da sua elite, os Immortais, pensando assim quebrar a formação Grega, porém, foi um ledo engano, e a falange espartana infligiu pesadíssimas baixas na elite persa, forçando-os á bater em retirada.Ainda nesse segundo dia, Ephialtes, um dos gregos, desertou para o lado Persa e informou Xerxes de uma passagem alternativa por Termópilas, que resultaria num flanqueamento das tropas gregas. Alguns gregos, em torno de 100, guardavam essa passagem, porém foram atacados de surpresa pelo contingente persa, que passou e iniciou o começo do fim para os gregos.

O Revés

Estava nítido que a derrota era certa e Leônidas dispensou os Gregos não-espartanos e não-tebanos, mas ainda assim, 600 outros soldados se recusaram a abandonar a batalha e decidiram morrer lutando para retardar o avanço persa.

O combate foi brutal e os gregos foram empurrados para uma pequena montanha, enquanto seus números iam diminuindo cada vez mais. Os Espartanos eram soldados de elite, treinados desde de criança para dar suas vidas por Esparta e assim iriam fazer. Após um tempo de violentíssimo combate, Leônidas, o rei Espartano, é morto e batalha, o que normalmente iria desmoralizar sua tropa, mas o contrário aconteceu, os espartanos lutaram bravamente para proteger seu corpo. É dito que, quando suas lanças quebraram, os Espartanos lutaram com suas espadas (xiphos) e quando estas quebraram, o combate foi com as próprias mãos e dentes. Até que o ultimo soldado espartano foi derrubado à flechadas.

Estátua de mármore do séc. V a.C., patente no Museu Arqueológico de Esparta. Representa um hoplita grego com o seu típico elmo. (Fonte: Originally from nl.wikipedia
de:Benutzer:Ticinese)

As Conseqüências

Leônidas foi decapitado, crucificado e sua cabeça foi empalada. No local do conflito hoje, há homenagens a Leônidas bem como para todo o exército que, apesar de ser em minúscula quantidade se comparada ao exército persa naquele tempo, guerreou com coragem pelo seu povo e pelo que acreditavam.

Leônidas, monumento nas Termópilas (Fonte: Originally from nl.wikipedia; 17 mrt 2005 17:10 Napoleon Vier )


Num monumento de homenagem há os dizeres "Digam aos espartanos, estranhos que passam, que aqui, obedientes às suas leis, jazemos". Os gregos conseguiram causar um grande impacto sob as tropas de Xerxes, matando dois de seus irmãos e enfraquecendo enormemente a força invasora Persa, onde em posteriores batalhas, os persas foram facilmente derrotados, inclusive no mar, forçando o fim da campanha invasora Persa.

Além de um grande feito, essa batalha mostrou como o terreno e a qualidade de tropas influência num combate, sendo que até hoje ela é lembrada e estudada pois é mais que uma batalha, é um marco da história.