Civis se refugiam no campo de refugiados de Kibati, perto de Goma. Fonte: Oxfam International/Flickr |
O conflito de Kivu é um conflito armado entre três forças inimigas - as forças armadas da República Democrática do Congo (FARDC - grupo governamental formado por grupos de etnia tutsi); o grupo Hutu Power das Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda (FDLR - grupo de hutus de Ruanda) e o Congresso Nacional para Defesa do Povo (CNDP - da etnia tutsi).
Além desses grupos, a ONU precisou entrar também no conflito, com a Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo.
Mapa do Congo. Fonte: http://militanciaviva.blogspot.com.br/2013/05/descredito-da-onu-e-violencia-rebelde.html |
Os motivos desse conflito são étnicos e territoriais. O Congo é rico em diamantes e ouro, motivo que leva à cobiça pela posse do poder. Os hutus e os tutsis são tribos inimigas há milênios e o processo de colonização impôs fronteiras artificiais que manteve as inimizades sob um certo controle. Mas após a independência, os grupos procuram a liderança do território.
Para saber mais sobre as etnias do Congo, veja o vídeo:
A independência do Congo foi extremamente conflituosa, tendo sido conquistada em 1960. Entretanto, a guerra civil deu continuidade ao processo de lutas na região. No auge da Guerra Fria, Moïse Tshombe (da etnia Luba) deu um golpe de Estado, apoiado pelos EUA, Bélgica e França e implantou uma ditadura capitalista extremamente cruel. Com isso surgiram no país grupos rebeldes de alinhamento socialista. O próprio Ernesto Che Guevara, na frente de um grupo de guerrilheiros cubanos lutos no Congo pela derrubada da ditadura de Tshombe. Em 1965, Tshombe foi derrubado do governo por outro golpe de Estado liderado por Mobutu Joseph Désiré, que pertencia a uma das etnias menos numerosas da região, a Ngbandi. Mobutu implantou uma ditadura capitalista, severa e extremamente corrupta, que afundou seu país na miséria e caos social.
Forças de paz da ONU em Kivu do Norte, em julho de 2013. Foto: MONUSCO/Sylvain Liechti |
Em 1994, Mobutu permitiu a entrada de mais de 1 milhão de ruandeses (a maioria da etnia hutu) no Congo, foragidos do genocídio dos hutus em Ruanda, realizado pelo governo tutsi. Isso contrariou a maioria tutsi no Congo, que iniciaram uma rebelião liderada por Laurent-Désiré Kabila. O movimento contou com apoio dos governos tutsi de Uganda e Ruanda e conquistou apoio da população, insatisfeita com a corrupção, com a fome e miséria do país. Após muitos batalhas, em 1997, Kabila assumiu o poder, mas seu governo foi igual ao anterior, gerando nova guerra civil.
Os hutus eram perseguidos e grupos tutsi também estavam contrários ao governo de Kabila. Em 2001, o ditador foi assassinado e seu filho, Joseph Kabila, assumiu o governo, prometendo um processo de paz e eleições democráticas. Em 2003, a etnia Hema foi massacrada em uma região rica em minas de ouro e as etnias rivais se enfrentam até os dias hoje pela posse da região aurífera e das jazidas de diamantes, além das inúmeras tentativas de assumir o governo do país.
Implicações dessa guerra
São quase vinte anos de guerra civil, com a participação de milícias e exércitos de países vizinhos. Os conflitos no leste do país deixaram cerca de 6 milhões de mortos e desaparecidos. É a maior e mais sangrenta guerra desde a Segunda Guerra Mundial.
A maior missão e a mais cara da ONU está na República Democrática do Congo. A ajuda humanitária tenta ajudar a população, tratando da malária, sarampo, cólera, desnutrição, infecções, traumas, mas não consegue salvar o povo do extermínio em massa. As chacinas de homens, os estupros de mulheres e os sequestros de crianças para servirem de soldados nos grupos rebeldes de guerrilha são frequentes.
Genocídio de hutus em Ruanda. Fonte: http://cova-do-inferno.blogspot.com.br/2014/10/o-genocidio-de-ruanda.html |
A República Democrática do Congo é o maior e mais rico país em recursos naturais da África subsaariana. Essa riqueza financia as milícias, é contrabandeada para países vizinhos como Ruanda, Uganda e Burundi, mas o povo continua sendo um dos mais pobres do mundo, é explorado no trabalho pesado das minas e confiscado na sua produção agrícola, em torno de 10%, pelos rebeldes.
Obs:. Essa postagem é parte integrante de um projeto interdisciplinar das áreas História e Geografia. É um resumo e não pretende esgotar o tema.
Obs:. Essa postagem é parte integrante de um projeto interdisciplinar das áreas História e Geografia. É um resumo e não pretende esgotar o tema.
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