23 novembro 2015

Reforma Protestante - resumo

Essa postagem é um resumo para meus alunos, não pretendo aqui esgotar o assunto.

A Reforma Religiosa, também chamada de Reforma Protestante foi um movimento espiritual, social e político que influenciou na formação dos Estados modernos e fez surgir novas Igrejas Cristãs.


Foi também o movimento que rompeu a unidade do Cristianismo centrado pela Igreja de Roma. Esse movimento é parte das grandes transformações econômicas, sociais, culturais e políticas ocorridas na Europa nos séculos XV e XVI, que enfraqueceram a Igreja permitindo o surgimento de novas doutrinas religiosas. A Igreja estava em crise, a burguesia crescia em importância, o nacionalismo desenvolvia-se nos Estados modernos e o Renascimento Cultural despertava a liberdade de Crítica. O aum Tesesento populacional somado às transformações que vêm junto com esse aumento acarreta em um baque entre a Igreja e essas transformações. Os intelectuais das cidades pensam hipóteses, passam a ter idéias, problemas que antes não existiam. O termo “Igreja Católica” é posterior ao Concílio de Trento, uma forma de diferenciação perante os protestantes. Antes só existia a Cristandade.

REFORMA LUTERANA

Lutero prende as 95 Teses
Cena do filme Lutero

Martinho Lutero foi um dos principais reformistas, sua indignação com os abusos do clero acabaram por levá-lo à excomunhão e à perseguição. As lutas religiosas na região onde Lutero vivia acabaram por criar uma nova Igreja, a Luterana.

Vendo os abusos por parte do clero, o monge agostiniano Martinho Lutero elaborou 95 teses e afixou-as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 1517. A maioria era contra as indulgências. Apoiado pela nobreza alemã, Lutero pôde divulgar suas idéias, calcada em dois princípios que se constituiriam no núcleo de sua doutrina: A Salvação somente pela fé e não pelas práticas religiosas e a Inutilidade dos Mediadores (Clero). Lutero foi excomungado em 1520. Ele queima publicamente a carta do papa (Bula papal), traduz a Bíblia para o Alemão, casa-se com uma ex-freira, fica abrigado na Saxônia. 

Para Lutero o mais importante era a fé e a centralização do culto na leitura das Escrituras pelos próprios fiéis. Ele rejeitou a Hierarquia Religiosa da Igreja de Roma; preservou apenas dois sacramentos: batismo e eucaristia; substituiu o latim pelo idioma alemão nos cultos religiosos; e, rejeitou o celibato obrigatório dos sacerdotes.

O Luteranismo expandiu-se basicamente no Sacro Império Romano-Germânico (região onde hoje está a Alemanha e Áustria) e nos países escandinavos (Suécia, Noruega e Dinamarca), regiões essencialmente rurais, pouco desenvolvidas em termos comerciais. Através de suas idéias, eles desapropriam as terras da Igreja.

Sobre Martinho Lutero há um filme muito bom, segue o link:


REFORMA CALVINISTA 

João Calvino era um teólogo francês. Ele iniciou a ruptura com a Igreja Católica após ler textos de Lutero em Genebra, na Suíça, por volta de 1536. A burguesia de Genebra havia adotado os princípios da reforma luterana para lutar contra seu governante, o católico Duque de Savóia, o que favoreceu a atuação de Calvino. Ele divergia de Lutero em alguns pontos, principalmente na questão da Salvação. Diferente de Lutero (salvação pela fé), ele defendia a ideia de que a fé não era suficiente, uma vez que o homem já nasce predestinado, ou seja, escolhido por Deus para a vida eterna ou para a sua condenação. O Calvinismo propagou-se com nomes diversos, atingindo a França, a Holanda, a Inglaterra e a Escócia.

Teorias e questionamentos calvinistas:
  • A riqueza material era um sinal da graça divina sobre o indivíduo. Essa teoria é assimilada pela burguesia local, que justificava não só seu comércio, como também as atividades financeiras e o lucro a elas associado. Ele justifica as atividades econômicas até então condenadas pela Igreja romana; 
  • Grande rigidez na moral ;
  • Questiona a Liturgia da Missa (simplifica com o Sermão, a oração e a leitura da Bíblia);
  • Questiona o uso das Imagens (houve quebra-quebra nas paróquias locais);
  • Acaba com os jogos, dança ida ao teatro, etc.;
  • “O homem que não quer trabalhar, não merece comer.” afirma;
  • Livre Interpretação da Bíblia; 
  • Nega o culto aos santos e a Virgem;
  • Questiona a autoridade do Papa; 
  • Defende a separação entre a Igreja e o Estado; 
  • Questiona o Celibato do clero; 
  • A doutrina afirma que não há certeza da salvação.

REFORMA ANGLICANA 

Os ingleses também criticavam os abusos da Igreja Romana, a ineficiência dos tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de cargos públicos para membros do clero, além de queixar-se do pagamento e do envio de dízimos para Roma. Durante o governo de Henrique VIII (1509-1547), a burguesia fazia pressão para o aumento do poder do parlamento. 

Os Tudors, cartaz da 5ª Temporada

O rei, necessitando aumentar as riquezas do Estado, confiscou as terras da Igreja, o que gerou desentendimentos com o Papa. Isso se agravou quando o monarca solicitou a anulação do casamento com Catarina de Aragão. Ele não tinha sucessores masculinos, temia que seu trono caísse em mãos espanholas. Toda a nação, com medo deste fato, apoiou esse pedido. O Papa Clemente VII negou o pedido, já que o rei tinha uma filha com Catarina de Aragão. 

Por causa da negativa do Papa, o Rei rompe com o Papado e faz uma reforma na Igreja Inglesa, criando a Igreja Anglicana. Ele obrigou seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a jurar-lhe fidelidade e obediência. Dessa forma, o rei obteve do clero inglês o divórcio e se casa com uma dama da corte, Ana Bolena. O Papa tentou intimidá-lo excomungando-o, mas não adiantou. 

Em 1534, Henrique VIII decreta o Ato de Supremacia, que consolida a separação entre a Inglaterra e o papa. Torna-se o chefe da Igreja de seu país. A Reforma anglicana, na prática, apresenta poucas modificações com a Igreja romana: Questiona o Culto aos santos; A autoridade máxima é o Rei e não o Papa; Questiona o culto às relíquias; Prega a popularização da leitura da Bíblia. 

A Reforma anglicana resolveu, na prática, dois problemas para a monarquia: a questão da herança do trono e com a venda das terras da Igreja para a burguesia e nobreza, dá um suporte financeiro para a Coroa. O Anglicanismo se consolida no reinado de Elizabeth I, filha de Henrique VIII, que renova seu direito de soberania real sobre a Igreja, além de fixar os fundamentos da doutrina e do culto anglicano na Lei dos 39 Artigos, em 1563.

Sobre a Reforma Anglicana, há alguns filmes interessantes:








REFORMA CATÓLICA

Também chamada de Contrarreforma da Igreja Católica. O avanço do Protestantismo, não só neste momento, levou a Igreja Romana a se reorganizar. Foi um movimento de reação ao protestantismo. A Igreja precisava de uma auto-reforma ou não sobreviveria, pois precisava, ainda, evitar que outras regiões virassem protestantes. Esse movimento de reforma interna se aprofundou com a convocação do Concílio de Trento.
O Concílio de Trento afirmou a dupla origem das crenças da Igreja Católica, fundamentadas em sua interpretação das Escrituras e nas suas próprias tradições.

O Concílio de Trento tinha como objetivo:
  • Esclarecer e manter a doutrina; 
  • Reafirmação do dogma;
  • Confirmação dos 7 sacramentos;
  • Manutenção do celibato clerical; 
  • Expansão da fé cristã; 
  • Afirma a presença real de Cristo na Eucaristia; 
  • Moralização do clero; 
  • Inicia a redação de um Catecismo; 
  • Criação de Seminários para a formação de sacerdotes; 
  • Reafirma o Celibato clerical; 
  • Reafirma a veneração aos Santos e a Virgem; 
  • Fortalece a Hierarquia e, portanto a unidade da Igreja Católica, ao afirmar a supremacia do Papa como “Pastor Universal de toda a Igreja” 
  • Mantém o Latim como língua do Culto e tradução oficial das Sagradas Escrituras; e, Confirma como texto autêntico, a tradução de São Jerônimo, no século IV; 
  • Criação do “Índex” (índice), listagem de livros proibidos; 
  • Aprova os Estatutos da Companhia de Jesus, criada por Inácio de Loyola; 
  • Reorganizou o tribunal da Inquisição ou Santo Ofício, que fica encarregado de combater a Reforma. 

As orientações do Concílio de Trento guiaram os católicos de todo o mundo durante 400 anos. Houve o Concílio Vaticano I (08/12/1869 - 20/10/1870), convocado pelo Papa PIO IX, mas foi interrompido devido à Guerra Franco-Alemã. As maiores mudanças começariam a acontecer apenas em 1962, quando o papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano II (11/10/1962 a 07/12/1965), para redefinir as posições da Igreja e adequá-la às necessidades e desafios do mundo contemporâneo.


Vídeos sobre Reforma Religiosa:

História da Humanidade - Renascimento, Reforma Religiosa

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